"A 25.ª Hora" é o título de um livro famoso publicado nos rescaldos da II Guerra Mundial, em 1949, e da autoria do romeno C. Virgil Gheorghiu (1916-1992). Traduzida em dezenas de línguas, também em português, pela mão de Vitorino Nemésio, a obra é uma espécie de "documento humano" em que vários personagens relatam as atrocidades da guerra, os prisioneiros de todas as idades, os ambientes dos campos de concentração, a falta de liberdade e de civilização...; uma forte denúncia sobre os muros e as prisões que então se construíam na Europa central para os "humilhados e ofendidos", fossem eles judeus, romenos, húngaros, franceses ou americanos, todos envolvidos pelo manto do desprezo, das humilhações e da dor sem limites; todos tratados da mesma maneira, todos iguais, sem distinção entre bons e maus, culpados ou inocentes...
O livro foi muito lido durante a "Guerra Fria" e ganhou uma fama inesperada em 1967 quando foi adaptado ao cinema por Carlo Ponti e teve a participação de Anthony Quinn entre outros protagonistas. E no entanto o seu enredo não deixa de surpreender os tempos atuais. Ou seja "A 25.ª Hora" é como um espelho onde se mostram a "maldade humana" e a "crueldade" contra a dignidade do ser. Mais, é uma daquelas obras que faz refletir, também na hora atual, quando milhares de refugiados e foragidos da guerra demandam as fronteiras da Europa civilizada e ficam "reféns" de uma importante decisão que, está prevista, será tomada pelos países da União Europeia em cimeira marcada para o próximo dia 23... Até lá, podem ficar à espera nas ruas, nos campos, nos caminhos, nas montanhas... «A 25ª Hora... Não é sequer a última hora: é uma hora depois da última hora. O tempo preciso da sociedade ocidental. É a hora atual. Exatamente agora». C. Virgil Gheorghiu tinha estudos superiores de Filosofia e de Teologia e tornou-se sacerdote ortodoxo nos anos sessenta do século passado, em Paris (onde morreu), na sequência do seu exílio voluntário. Entre os anos de 1942 a 1943, ainda trabalhou no Ministério dos Negócios Estrangeiros da Roménia, mas deixou o seu país natal com a invasão das tropas soviéticas, em 1944. Foi preso no final da II Guerra Mundial pelas tropas americanas e optou pelo exílio em França, em 1948. Vale a pena ler ou reler esta obra extraordinária que não defende princípios ideológicos, apenas alerta para os perigos da falta de liberdade ou a escravidão do ser humano por meios sofisticados...
Usado:Artigos usados poderão apresentar sinais de uso e desgaste menos ou mais acentuados, agradeço que veja as fotos reais do artigo em venda